Os desafios dos CEOs

Texto escrito por Luís Felício - Diretor Executivo da Galeazzi & Associados

 

Os CEOs enfrentam uma série de desafios e pressões que podem levar ao fracasso de um negócio. Aqui estão alguns dos pontos prioritários que, em minha opinião, esses executivos devem dedicar maior atenção. Disto depende o seu sucesso.

1- Alinhamento de expectativas

Gerenciar as expectativas dos acionistas, funcionários e outros stakeholders pode ser complicado. É comum que os acionistas não estejam alinhados e nem tenham a mesma leitura dos problemas da empresa. O mesmo se aplica ao corpo diretivo, que também pode estar desalinhado quanto aos problemas e prioridades.

Isto é crucial. É comum a cadeia de comando não estar clara e haver ingerências dos acionistas nos níveis mais baixos. Duplo comando nunca deu certo. O CEO deve comunicar claramente sua visão e planos para evitar desentendimentos ou resistência. É comum que o novo CEO já traga a sua equipe de diretores, antes mesmo de entender o contexto da empresa, seus problemas. Talvez deva ponderar melhor este movimento.

 

2- Compreensão do contexto

Entender a cultura da empresa, seus processos, desafios, pontos fortes e fracos é crucial. O CEO precisa absorver informações rapidamente para tomar decisões e evitar mudanças precipitadas que possam ser mal interpretadas ou prejudiciais. O CEO precisa ouvir a organização e não se restringir a falar só com o próximo nível.

 

3- Pressão por resultados rápidos

Muitas vezes, há a expectativa de que um novo CEO traga mudanças significativas e rápidas. No entanto, implementar mudanças de maneira sustentável e eficaz pode exigir tempo e paciência. Essa pressão virá principalmente dos acionistas e ele tem que saber lidar com isso.

 

4- Tempo limitado

As expectativas dos acionistas quanto aos resultados, normalmente, são de curto prazo. Isso gera uma pressão enorme em cima do CEO e dos diretores. Traçar um plano exequível e aprová-lo com os acionistas é fundamental.

Qual o problema? Ter que entregar o plano! Mudar o plano a cada dois meses ou deixar de revisá-lo não é o melhor caminho para o sucesso. E isso é mais comum do que se imagina.

 

5- Valorizar o retorno sobre o investimento

Os acionistas estão interessados nos resultados financeiros. Um CEO que demonstra um compromisso claro com a melhoria do desempenho financeiro da empresa geralmente é bem-visto pelos acionistas.

Para isso acontecer, o CEO precisa ter um plano de ação e não ficar mudando-o todos os meses. O pior dos mundos é ter que explicar por que não deu certo.

 

6- Falta de profundidade na análise dos problemas

Às vezes, os gestores podem se contentar com uma compreensão superficial dos resultados sem investigar as causas-raiz. Uma análise mais profunda é necessária para entender completamente os problemas e identificar soluções adequadas.

O mapeamento dos problemas e possíveis soluções demanda que o gestor saia da sua sala, visite e entenda a operação e fale com as pessoas-chave da empresa e não se limite a falar com os diretores e controladoria.

Comandar da retaguarda não dá certo nem nos exércitos modernos. Precisa ser visível, estar na linha da frente.

 

7- Identificação de prioridades

Determinar quais áreas precisam de atenção imediata e quais estratégias podem ser mais eficazes para o crescimento e a estabilidade da empresa no longo prazo é um desafio crítico.

Há uma necessidade de equilibrar a resolução de problemas imediatos com a visão de longo prazo. Qual é o momento em que a empresa está - se de sobrevivência, então curto prazo é primordial. O CEO precisa entender quais são as “alavancas” do negócio e não dispersar a sua atenção, não se deixar arrastar para problemas de menor relevância.

Não dá para abraçar tudo. Escolha as suas batalhas, mantenha o foco. Pressões virão de todos os lados, principalmente dos acionistas. Excesso de planos, de frentes de trabalho, não levam a nada. O plano tem que ser claro, com poucas ações e apontar os responsáveis, que têm de estar de acordo. Accountability, esse é o nome do jogo. Quem concordou com o plano e não entregou, precisa ser substituído.

 

8- Medo de tomar decisões difíceis

Tomar decisões que podem implicar mudanças significativas na empresa, como cortes de custos, reestruturações, mudanças estratégicas, mudanças de alguns executivos, pode ser difícil e até assustador para alguns gestores. O medo de tomar decisões impopulares pode levar à inação. Continuar fazendo as coisas do mesmo jeito é garantia do fracasso. Precisa gerenciar conflitos, resolver problemas de forma eficaz.

 

9- Construção de relacionamentos

Estabelecer confiança com a equipe existente, parceiros, acionistas e outros stakeholders é essencial. Sem apoio e cooperação, implementar mudanças eficazes pode ser extremamente difícil.

 

10- Problemas de liderança

Um estilo de liderança inadequado, como ser excessivamente autocrático ou muito passivo, pode levar a problemas na cultura corporativa, desmotivação dos funcionários e paralisia da empresa. Todos estão esperando uma direção clara com objetivos exequíveis. Precisa trazer as pessoas para o seu projeto.

 

11- Falha na construção e gerenciamento de equipes

A escolha inadequada de membros da equipe executiva, falta de delegação eficaz ou incapacidade de inspirar e motivar a equipe podem afetar negativamente o desempenho da empresa.

Se necessário, identifique e traga novos líderes para a empresa. Isso inclui escolher pessoas que se alinhem com a visão do CEO e tenham as habilidades necessárias para impulsionar a empresa para a frente.

Sangue novo é sempre bom para os negócios, mas também traz resistências internas daqueles que esperavam ocupar essas posições.

 

12- Falta de experiência no setor

Se um CEO é novo no setor, pode levar algum tempo para se familiarizar com os detalhes específicos e entender plenamente os desafios que a empresa enfrenta. Não é uma questão de saber ler os dados financeiros; precisa dominar o “negócio”, entender os seus particulares.

Se isto não acontecer, a probabilidade de falha é grande. Se está num setor de moda e nada entende de moda, fica complicado. O mesmo se aplica a varejo, agro, hotelaria e tantos outros setores.

 

13- Apego ao passado

Alguns gestores, bem como os acionistas, podem estar presos a estratégias antigas. Elas deram certo no passado, mas se tornaram obsoletas devido a mudanças no mercado, na tecnologia ou nas preferências dos consumidores.

A resistência à mudança pode dificultar a adaptação a novas realidades. Fazer o mesmo que vem sendo feito não muda o ponteiro!

 

14- Falta de adaptação ao ambiente interno

Não compreender ou se adaptar à cultura organizacional existente ou não trabalhar de forma eficaz com os diferentes departamentos e áreas da empresa pode criar obstáculos para o CEO.

 

15- Falta de recursos ou apoio

Os gestores podem enfrentar restrições de recursos, sejam financeiros, humanos ou tecnológicos, o que dificulta a implementação das mudanças necessárias. Se não conseguir resolver este ponto, siga a linha do ajuste da empresa, só não pode ficar parado.

Para finalizar, ressalto: a linha que separa o sucesso do fracasso é muito tênue. Se não entregar os resultados esperados, o CEO cairá, cedo ou tarde.

Nenhum CEO é contratado para ficar explicando os problemas a cada reunião. Não procure culpados, os acionistas já estão cansados de ouvir isso. Foque em meia dúzia de ações que de fato trarão resultados, e não se disperse.

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