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Carros elétricos: Por quê a demanda está em baixa?

Texto escrito por Luís Felício - Diretor Executivo da Galeazzi & Associados

 

Li uma matéria do UOL - Universo Online, assinada por Paula Gama, em 11/01/24, cujo título é: “Por que regras do governo podem acabar com carros atuais em até 3 anos".  E uma outra notícia recente foi que a Hertz vendeu 20.000 carros elétricos, cuja manutenção é muito cara e no caso de acidente o reparo é quase inviável. E qual o custo ambiental de produzir as baterias?

Mais uma matéria, desta vez da Bloomberg Línea: A transição para os carros elétricos em detrimento dos veículos com motores à combustão poluentes tem encontrado um novo obstáculo no mercado global - os motoristas não querem comprar elétricos usados... No mercado de usados, de US$ 1,2 trilhão, os preços dos carros elétricos têm caído mais rapidamente do que os dos veículos com motores a combustão.

Pergunto, o carro elétrico é a solução? Existe alternativa para viabilizar esse projeto? Essa é dúvida.

Sem querer polemizar com os ambientalistas, os defensores ferrenhos das energias renováveis, a venda de carros elétricos está abaixo das expectativas em todo o mundo, e a baixa demanda pode ser atribuída a:

1- Custo inicial elevado: Os carros elétricos têm um preço inicial mais alto em comparação com veículos à combustão. Em alguns países o preço é subsidiado. Isso pode desencorajar os consumidores, mesmo que os custos operacionais a longo prazo sejam mais baixos. Como não existe histórico de uso, há muitas dúvidas quanto ao custo das manutenções.

2- Infraestrutura de recarga: A falta de uma infraestrutura de recarga bem desenvolvida gera preocupações sobre a conveniência e a acessibilidade de carregar os veículos elétricos. Pergunta: quantos de nós que moramos em prédios temos estrutura para carregar o carro? Quantos postos conhecemos com sistemas de recarga? Quanto tempo leva uma recarga?

3- Autonomia da bateria: A percepção de que os carros elétricos têm uma autonomia menor em comparação com os veículos a combustão pode desencorajar os consumidores, apesar de muitos modelos mais recentes terem ampliado significativamente sua autonomia. Em média a bateria é 30% do custo do carro. Ainda há muitas dúvidas quanto à sua longevidade. Outro problema que se avizinha é o que fazer com as baterias?

4- Falta de opções e variedade: Em alguns mercados, a variedade de modelos de carros elétricos pode ser limitada. A diversidade de estilos, tamanhos e faixas de preço pode não ser tão vasta quanto a dos carros a combustão.

5- Preço de revenda: Os preços dos carros elétricos de segunda mão estão despencando e como as vendas dos novos não estão de acordo com as expectativas dos fabricantes, hoje estamos no meio de uma guerra de preços dos fabricantes, o que afeta o preço da revenda. Consumidores compram carros, também considerando o preço de revenda, uma vez que esse valor poderá ser dado de entrada no carro novo. Na China, já começaram a aparecer cemitérios de carros elétricos abandonados e este fenômeno pode se estender para a Europa e USA.

6- Desconhecimento e incerteza: Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o desempenho, a durabilidade e o custo de manutenção dos carros elétricos. A falta de informações claras sobre esses aspectos pode desencorajar os consumidores. Como ficam os subsídios, vão continuar? Tesla, BYD, Nissan Motor Corporation, BMW Group, Volkswagen e General Motors estão entre os maiores fabricantes. Temos que acompanhar os movimentos destas empresas.

7- Problemas de Qualidade ou Confiabilidade: Alguns carros elétricos mais baratos têm enfrentado problemas de qualidade ou confiabilidade, levando os proprietários a abandoná-los devido a preocupações com a durabilidade ou custos de manutenção.

8- Subsídios Governamentais: Em alguns casos, carros elétricos foram comprados com base em incentivos ou subsídios oferecidos pelo governo, mas podem ter enfrentado problemas técnicos ou desvalorização acentuada após o término desses incentivos, levando à sua descontinuidade. Todos nós sabemos como funcionam os subsídios governamentais, um dia terminam.

9- Qual o custo ambiental para produzir uma bateria? É necessário movimentar umas 200 Ton de solo para encontrar lítio, manganês, cobalto, alumínio, aço, plástico etc. Será que o trator e caminhões que movimentam tudo isso são movidos a energia “limpa”? E as fábricas que processam essas matérias primas, são movidas com que tipo de energia?

10- Novas tecnologias aparecendo ou já existentes:

10.1 - Carros que usam células de combustível de hidrogênio para gerar eletricidade, alimentando um motor elétrico. A principal vantagem é o tempo de recarga mais rápido e uma maior autonomia em comparação com baterias. O Toyota Mirai e o Hyundai Nexo são exemplos desse tipo de tecnologia.

10.2 - Híbridos, que já existem faz algum tempo: Veículos que combinam motores de combustão interna com motores elétricos. Existem diferentes tipos de híbridos, como os híbridos paralelos (como o Toyota Prius), híbridos plug-in (PHEVs) e híbridos suaves, que utilizam a eletricidade para reduzir o consumo de combustível.

10.3 - Veículos a células de combustível: Além dos carros, ônibus e até mesmo caminhões podem ser alimentados por células de combustível de hidrogênio. Essa tecnologia pode reduzir significativamente as emissões de carbono em veículos de grande porte.

10.4 - Biocombustíveis: Combustíveis derivados de biomassa, como etanol e biodiesel, podem ser usados em motores de combustão interna, reduzindo as emissões de carbono, desde que sejam produzidos de forma sustentável.

10.5 - Gasolina Sintética e-Fuel: Combustível a partir de uma reação química, dispensando o petróleo. Deverá ser uma das matrizes do futuro. É uma alternativa sustentável para fazer funcionar os motores à combustão, já que seus índices de dióxido de carbono (CO2) são considerados neutros.

A diversidade de tecnologias alternativas reflete o esforço contínuo da indústria automotiva para encontrar soluções que reduzam a dependência de combustíveis fósseis e diminuam as emissões de gases de efeito estufa. O progresso nessas áreas é fundamental para atingir metas de sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental dos transportes.

Não estou dizendo que este projeto deva ser abandonado, muito longe disso, o que digo é que esse mercado ainda não está maduro, que o diga o CEO da Toyota Motor Corporation, koji Sato.

Ainda há muitas dúvidas quanto ao projeto vencedor. O que não está em causa é o fim (algum dia) do carro a combustão, o uso do combustível fóssil. Na Europa, atrás de um posto de carga elétrica, existe uma usina a carvão ou óleo. O meu próximo carro será um híbrido.

 

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