CVM está preocupada com supervisão e aplicação de regras sobre sustentabilidade, diz diretora
Texto comentado por Bruno de Queiroz - Diretor Executivo da Galeazzi & Associados
Em outubro deste ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adotou uma nova resolução que obriga companhias abertas a publicar um relatório especial, uma vez ao ano, com informações financeiras que sejam relacionadas à questão da sustentabilidade nas empresas.
Isso faz parte de uma agenda do governo atual sobre transformação ecológica. Esse relatório está dentro do Plano de Supervisão Baseada em Risco e não só a CVM, mas outras autarquias também estão englobadas neste plano.
A partir de 2025 a norma começa a valer de maneira voluntária e somente em 2027 será obrigatória a divulgação dessas informações em formato de relatório.
Entretanto, tenho uma opinião bastante contundente sobre sustentabilidade e a agenda ESG em geral. Quando essa onda começou, realmente achei que seria diferente de outras ondas e "modinhas" que surgiram, mas a verdade é que estamos no mesmo ponto - há muito tempo!
A nova resolução da CVM tem por objetivo fazer com que mais investimentos sejam aplicados em empresas brasileiras que cumprem a agenda verde proposta, mas, sinceramente, falando da questão da sustentabilidade em específico, todo o mundo fala que é importante, mas na prática acaba não fazendo muita coisa e fica por isso mesmo.
E digo mais: esses encontros denominados “COPs” que também fazem parte dessa agenda de sustentabilidade e discussões sobre crise climática só servem para atestar que ninguém cumpriu meta nenhuma e repactuar metas que, pasmem, não serão cumpridas novamente.
Quando vejo propostas e resoluções como essas, sei o quão seriam motores de mudanças se fossem feitas de forma adequada, e por entender a importância do assunto, sei também que se as atividades, a fiscalização e a cobrança em cima da questão ESG fossem levadas mais a sério as coisas teriam outro parâmetro. Porém, com a experiência que temos há anos, percebo que esse assunto está longe de ter os objetivos alcançados.
Provavelmente, daqui a uns anos estaremos repetindo as mesmas coisas e concluiremos que estamos no mesmo ponto. Fica aqui a reflexão.
(Fonte: Valor Globo, 2023)